Boa noite,
O prometido é devido e consegui arranjar algum tempo para vos falar deste tema que tanta curiosidade causou hoje na nossa página de Facebook.
Tivemos várias semanas de muito dinamismo atmosférico, com a passagem de sucessivas depressões atlânticas perto das nossas latitudes, que fizeram do outono meteorológico 2018 uma temporada de precipitações abundantes, com várias tempestades nomeadas pelos organismos oficiais, inaugurada pela depressão Adrian que afectou em particular o Mediterrâneo até à Etienne que atingiu os últimos dias o arquipélago dos Açores, outras se seguirão.
O padrão mudou, agora o domínio é o das altas pressões, com um bloqueio contundente das depressões atlânticas, que não conseguem chegar a Portugal Continental e são obrigadas a subir de latitude e rumar às Ilhas Britânicas.
Será um bloqueio duradouro? Olhando os índices NAO e AO (reflectem as anomalias de pressão do Atlântico Norte), verifica-se desde meados de Outubro uma autêntica montanha russa, ou seja não se tem conseguido estabelecer um padrão demasiado duradouro, quer de altas, quer de baixas pressões no Atlântico.
Olhando as previsões, tudo indica que esta instabilidade vai continuar, portanto, em principio este bloqueio não será excessivamente longo, daí que se espera que as condições meteorológicas se voltem a agravar na segunda metade de Dezembro, para um tempo mais de acordo com o esperado para esta época do ano.
No médio prazo é expectável que o anticiclone, neste momento sobre a Península Ibérica se desloque para norte, para o Reino Unido e Escandinávia, a partir daí começará a bombear ar polar para a Europa Central e de Leste.
No largo prazo, os modelos começam a simular uma situação de aquecimento súbito da estratosfera, o que isso significa?
Significa nova mudança, os anticiclones tendem a deslocar-se para latitudes mais a norte e proporcionar bloqueios na circulação, transportar ar polar até nós, e com isso termos mais probabilidades de ocorrências de queda de neve a cotas baixas no nosso país, caso se conjugue frio em altitude e precipitação.
Quando ocorre um aquecimento súbito da estratosfera, os ventos zonais do pólo abrandam, podendo mesmo reverter-se durante alguns dias, causando por vezes a divisão do Vortex Polar e este baixa de latitude, as grandes invasões de frio seja na Europa, América do norte ou Ásia são antecedidas deste evento.
Será uma situação a monitorizar aqui no Meteo Trás os Montes, ressalvo que se trata de uma previsão de largo prazo, daí que requer confirmação nos próximos dias e semanas.
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